quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

11: CENA FINAL:

1000 horas se passaram nos últimos minutos; as pessoas ainda dançam; Joe está cansado. Não sabe mais o que realmente acontece ao seu redor, se está sonhando ou se está morto. Os sorrisos se confundem com lágrimas e agonias, mas ele não consegue dizer quando é o quando de cada um deles. Joe sua frio; suas mãos tremem; seu coração bate rápido; ele não tá legal. Tenta recuperar a postura, abre um sorriso amarelo, respira fundo, e se levanta. Ainda está pálido.

UM PREOCUPADO:

(descontraídamente) Mas o que é isso, herói? Tá tudo bem?

JOE:

(suando) Tudo, tudo... só que ta abafado aqui dentro, né? Acho que vou ficar perto da janela um pouquito... pra me afresquecer.

Joe se arrasta-se à janela do bordel, procurando respirar os ar úmido que vem de fora. O vento sopra fantasmagoricamente lá fora, trazendo chamados de agonia.

O VENTO:

Búúúúúúúúúúúúúúúú...

Joe se assusta: parece reconhecer uma voz conhecida.

JOE:

(assustado) Quem está aí?!

UMA VOZ CONHECIDA:

Sou eu, Joe... Eu...

JOE:

(nervoso) Eu?! Eu quem?! Responda!

UMA VOZ CONHECIDA:

Joe... Joe... Joe...

Aproxima-se lentamente surgida das sombras a figura de uma menina. Joe se espanta.

JOE:

Jéssica!

JÉSSICA:

Meu querido Joe...

JOE:

Jéssica, minha amada, entre, entre, saia daí do frio, venha comigo!

Jéssica entra no bordel pela janela. Joe a abraça loucamente, cobrindo-a de beijos. Jéssica é um boneco de cera, mas Joe não percebe.

JOE

(emocionado) Jéssica, minha Quinha, onde você estava, onde? Como você chegou aqui? Ah não importa, não importa, o que importa é que você está aqui comigo, finalmente comigo! (volta-se para o resto das pessoas do bordel e fala alto) Meus amigos, meu povo, quero compartilhar com vocês uma alegria maravilhosa que acaba de me acontecer: minha amada Jéssica, meu único e verdadeiro amor, chegou agora e a partir de hoje ficaremos juntos para sempre! Não é fantástico, meus amigos e irmãos?

Mas para sua surpresa, Joe é recebido com silencio e olhares de ódio. Sem entender o porquê da reação, indaga.

JOE:

Mas o que acontece, vocês não estão felizes por mim?

CORONEL:

(puto) Você é um cabra safado! Um canalha, isso sim é o que é!

MORENA FACEIRA DOS CABELOS CACHEADOS:

(chorando) Uhúhú, papai, ele é um monstro.

JOE:

(admirado) Mas o que é que ta acontecendo aqui?

PIERRE TABACA:

(com desprezo) Mas o Sr. Joê é um ignorante mesmo, nom é? Pois não sabe o Sr. Que na nossa sociedade não toleramos bigamia? Pelo menos não bigamia oficial.

UM MORALISTA:

Nas entoca tudo bem, mas assim... Ugh, é repugnante!

O DALAI LAMA:

Vergonhoso!

O CRÌTICO:

Não vou nem comentar...

A CABEÇA DO ACADÊMICO:

Escreverei um ensaio acabando com você, seu porco!

OS SÁDICOS:

Bate nele!

A VELHA

Eu fiz ele comer a minha merda!

A GUILHOTINA:

Zup!

SCHOEMBERG:

Du bist scheiser!

O TRIO DE FORRÓ:

Baragudibum! Fuu fuuu fuuu fuuu!!

OS APLAUSOS:

TODOS:

Você não é mais nosso herói! Fora Joe, fora!

JOE:

(espantado) Ma-ma-mas... Isso não é justo, isso não é certo!

TODOS:

Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora! Fora Joe, fora!

O NARRADOR:

O caos toma conta do bordel. A multidão enfurecida espreme Joe contra a porta, e ele se encolhe, acovardado. As faces sombrias o assustam: algumas gritam, umas cospem, outras gargalham diabolicamente. Joe tenta se agarrar a Jéssica, mas ela se derreteu em seus braços; nada sobrou dela além de uma baba cor de carne. O mundo é vermelho. Numa transfiguração horripilante, todos se juntam na forma do Coronel, agora um gigante do gigante. Ele tem os olhos de brasa e solta fogo pelo nariz. Joe é uma criança amedrontada de novo. O Gigante o agarra com a mão e escarra nele. Joe chora e tem medo e pensa na Cidade. O Gigante joga Joe para longe e desaparece numa nuvem de ratos. A vitória acabou.

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