Flutuando, flutuando, flutuando, eu entro pra dentro de uma barriga, as contrações ao contrário me devolvem pro que antes havia sido um mundo inteiro, eu chego, chego, chego, é como se eu tivesse comendo alguém tudo apertadinho e quentinho, a vontade que dá é de me encolher e simplesmente gozar, gozar, gozar, como se fosse a primeira vez, a primeira punheta, é sempre a mais sagrada de todas gravada no seu inconsciente para todo o sempre, a descoberta de que você é parte daquilo que te fez, você de repente é tudo aquilo que foi antes de você, é como virar um rei ou um deus, sei lá, ao descobrir o que é na verdade a vida, e é isso também a morte, voltar pro início de tudo, descobrir que o que você não é é aquilo que você não fez mas que de um jeito você fez porque é tudo igual no final das contas, morrer é isso, como se fosse a primeira punheta, a primeira vez que você goza, morrer é masturbação, morrer é masturbar-se, masturbar-se, masturbar-se.
É isso e muito mais, meu querido Joe, você perceberá isso quando abrir os olhos, finalmente abriu, o que você vê? O sol está brilhando quente refletido na areia clara, não existe mais a Cidade, onde você está, está morto é o que você pensa, mas se morrer é voltar ao início, é melhor você tentar perguntar: mas que início? É as origens, mô véi, acho que é isso mesmo, o sertão é dentro da gente, não é? Se você morreu ou não isso pouco importa agora: procure um telhado pra se cobrir que o sol ta foda mesmo, uma sombra pra pisar, as havaianas ficaram do outro lado do muro, vai criar bolha na sola do pé, vai estourar, virar ferida, gangrenar e ai você vai morrer mesmo, vai meu filho, se mexa que quem fica parado é poste, pra trepar a gente anda pra fazer a gente manda?
Eu bem que tentei fazer literatura moderna.
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