quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

3: uma viagem lisérgica pra dentro da barriga da Morte

Flutuando, flutuando, flutuando, eu entro pra dentro de uma barriga, as contrações ao contrário me devolvem pro que antes havia sido um mundo inteiro, eu chego, chego, chego, é como se eu tivesse comendo alguém tudo apertadinho e quentinho, a vontade que dá é de me encolher e simplesmente gozar, gozar, gozar, como se fosse a primeira vez, a primeira punheta, é sempre a mais sagrada de todas gravada no seu inconsciente para todo o sempre, a descoberta de que você é parte daquilo que te fez, você de repente é tudo aquilo que foi antes de você, é como virar um rei ou um deus, sei lá, ao descobrir o que é na verdade a vida, e é isso também a morte, voltar pro início de tudo, descobrir que o que você não é é aquilo que você não fez mas que de um jeito você fez porque é tudo igual no final das contas, morrer é isso, como se fosse a primeira punheta, a primeira vez que você goza, morrer é masturbação, morrer é masturbar-se, masturbar-se, masturbar-se.

É isso e muito mais, meu querido Joe, você perceberá isso quando abrir os olhos, finalmente abriu, o que você vê? O sol está brilhando quente refletido na areia clara, não existe mais a Cidade, onde você está, está morto é o que você pensa, mas se morrer é voltar ao início, é melhor você tentar perguntar: mas que início? É as origens, mô véi, acho que é isso mesmo, o sertão é dentro da gente, não é? Se você morreu ou não isso pouco importa agora: procure um telhado pra se cobrir que o sol ta foda mesmo, uma sombra pra pisar, as havaianas ficaram do outro lado do muro, vai criar bolha na sola do pé, vai estourar, virar ferida, gangrenar e ai você vai morrer mesmo, vai meu filho, se mexa que quem fica parado é poste, pra trepar a gente anda pra fazer a gente manda?

Eu bem que tentei fazer literatura moderna.

Nenhum comentário:

Postar um comentário